quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Três mortes no HMCA ‘torturam até hoje’ ex-diretora.

Heloísa foi transferida após conclusão dos relatórios.
Carta enviada pela então diretora do Hospital Municipal da Criança e do Adolescente (HMCA), Heloísa Sampaio Ferreira de Castro, ao secretário da Saúde, Carlos Derman, no início de agosto, indica preocupação em relação às mortes de bebês no local entre abril e junho.

“Os três óbitos inconclusivos nos torturam até hoje. Sabemos que fizemos o melhor que podíamos nos três atendimentos, portanto, também não entendemos porque evoluíram negativamente, o que quebrou emocionalmente toda a equipe do HMCA”, diz Heloísa, no documento em anexo ao relatório final da Comissão Especial da Secretaria Municipal da Saúde que investigou as mortes de 14 crianças.

A Folha Metropolitana noticiou ontem, com exclusividade, que as comissões Especial e de Sindicância apontam que todas as mortes ocorreram nos plantões noturnos, entre 22h e 6h, sendo a maioria delas com a mesma equipe médica. Laudo da empresa White Martins mostra que válvulas reguladoras e fluxômetros estavam sendo utilizados “com possível contaminação interna dos ventiladores”.

Heloísa foi transferida da direção do HMCA para a Supervisão Regional de Saúde em 9 de agosto, uma semana após a conclusão dos relatórios das comissões. Ela escreveu cartas anexas aos dois relatórios justificando os procedimentos adotados.

Ela afirma que não poderia propor uma carta-compromisso de gestão porque não teria condições de cumpri-la. Diz que os gerentes executam diversas tarefas, o que “facilita o esquecimento de itens e pontos soltos que não deveriam existir”. Cita desentendimentos após o reajuste salarial dos médicos, que tiveram índices superiores aos da enfermagem.

Secretaria não suspeita que falhas na estrutura contribuíram para as mortes
As falhas estruturais na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal da Criança e do Adolescente (HMCA), interditado desde 1º de junho, não têm relação com os óbitos inconclusivos, segundo a Secretaria Municipal da Saúde.

A opinião dos médicos das comissões é divergente quanto ao número de óbitos inconclusivos – três ou quatro. A secretaria afirma que há casos em que é impossível concluir se as mortes poderiam ser evitadas.

De acordo com a pasta, a transferência da ex-diretora Heloísa Sampaio Ferreira de Castro não teve relação com o relatório final da Sindicância.

Óbitos que causam preocupação
Ex-diretora do HMCA, Heloísa Sampaio Ferreira de Castro, afirma não entender porque os casos evoluíram negativamente

R.V.C.B. – Morreu em 7 de abril na UTI do HMCA, depois de ficar três semanas internado. Após uma das aspirações ocorreu queda da frequência cardíaca, seguida de parada cardiorrespiratória. Durante a reanimação apresentou sangramento importante em vias aéreas, evoluindo para óbito.

D.E.S. – Deu entrada na UTI em 30 de abril com diagnóstico de invaginação intestinal. Em 2 de maio o quadro da criança evoluiu para estabilidade do quadro. Um dia depois, foi suspensa a sedação do bebê. Às 4h25, a criança apresentou bradicardia, seguida de parada cardiorrespiratória.

M.P.R. – Bebê nasceu prematuro de 33 semanas. Deu entrada no HMCA com diarréia aguda e desidratação severa em 8 de abril, saindo para a enfermaria cinco dias. Os pais tentaram transferir a criança para outros hospitais, sem êxito. Ela retornou à UTI no dia 29 de abril e teve parada cardiorrespiratória em 4 de maio.

Fonte:folhametro.com.br

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