Wellington Alves - Foto: Ana Paula Almeida 07/06/2011 08:40
Secretaria de Segurança Pública mostra ainda que maioria das agressões não resultam em processo
Balanço da violência contra a mulher mostra que poucas denunciam seus agressores
Um desconhecido chega com uma faca ou revólver e ameaça uma mulher, que caminha sozinha em um local isolado, e a leva para um terreno ermo, sob ameaça de matá-la, e a estupra. Essa triste realidade já foi vivida por muitas mulheres. Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), Guarulhos registra um caso de estupro por dia.
Entre janeiro e abril deste ano as delegacias da cidade elaboraram 118 boletins de ocorrência relacionados à estupros. Nem todos foram por conjunção carnal entre homem e mulher, contudo, a estimativa é que a maioria tenha ocorrido desta maneira. Há casos também de estupro de namorados ou maridos com suas companheiras em relações sexuais forçadas.
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Especialistas apontam que o número de estupros deva ser bem superior ao divulgado pela SSP, já que os dados referem-se somente as mulheres que tiveram coragem de denunciar a agressão. Estima-se que uma grande quantidade de vítimas não chega a registrar boletim de ocorrência por medo.
Em 2009 houve uma alteração no Código Penal. Antes a caracterização de estupro era de homens que faziam sexo vaginal com mulheres. Com a mudança na legislação, qualquer ato libidinoso, independentemente dos sexos, passou a ser considerado estupro. Segundo a delegada titular da Delegacia da Mulher (DDM) de Guarulhos, Beatriz Relva, a nova lei contribuiu para que mais casos de estupro fossem registrados.
Maioria das mulheres desiste de processos
Cerca de 70% das mulheres vítimas de estupro não voltam aos distritos policiais para reconhecer os agressores, segundo a delegada titular da Delegacia da Mulher (DDM) de Guarulhos, Beatriz Relva. Com isso, os acusados evitam processos judiciais e têm mais facilidades para serem soltos.
A delegada explica que é difícil prender estupradores. A polícia traça o perfil dos casos por regiões, já que os agressores normalmente agem em regiões específicas. "Normalmente nestes casos eles são presos em flagrante ou com sorte em alguma investigação", diz. Ela destaca que as mulheres devem registrar boletins de ocorrência para ajudar a polícia a identificar os estupradores.
De acordo com a delegada o caso mais emblemático da falta de interesse das mulheres em prosseguirem os processos judiciais é do estuprador da região da empresa Toddy, em 2008. "Foram cerca de 35 vítimas e apenas 11 fizeram o reconhecimento do agressor", conta.
Fonte: http://www.guarulhosweb.com.br/noticia.php?nr=41078
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